Esta semana estava vendo filmes de terror. Esses da franquia Atividade Paranormal. Devo dizer que fiquei com medo – essas coisas de fantasmas e coisas que não conseguimos explicar me assustam mesmo, e toda a tensão do filme, depois que passou, me levou a pensar naquilo que tenho medo na vida real. Do que eu tenho medo hoje.

Hoje eu tenho medos bem diferentes daqueles que tinha há um ano atrás. Há um ano atrás eu ainda tinha um casamento, tinha uma vida estável, vivia o que eu achava que era um conto de fadas na realidade, e meus medos giravam em torno de não poder engravidar, ou de não conseguir ser promovida no emprego, ou de não conseguirmos ir pra praia no final do ano. Coisas que eram verdadeiros monstros para mim, há um ano, agora são apenas sombras bobas.

 

Ok, ok, eu tinha medo de morrer. Muito. E tinha medo de ser vítima da violência urbana, e disso ainda tenho, um pouco. E tinha um tanto de medo de perder o amor do marido (hoje, meu ex). Mas esse medo me parecia mais uma obrigação do que uma ameaça real. Afinal, a gente se amava, e era pra sempre, como é que eu poderia temer uma coisa que não poderia nunca acontecer?

Mas aconteceu, e hoje eu vejo quanta coisa já mudou dentro de mim desde aquele dia em que brigamos e terminamos, desde que comecei a terapia, desde que comecei o blog. Desde que mudei a perspectiva da minha vida.

Hoje meu medo é não conseguir amar novamente. Paixão acontece, já aconteceu comigo e eu sei que vai acontecer de novo, mas não é disso que estou falando. Estou falando de amor. De entrega. De intimidade. De estar tranquila e me sentir segura ao lado de outra pessoa. Esse só não é maior porque meu maior medo é de me machucar novamente. De doer, de que a ferida feita tenha sido tão grande que nunca mais vá fechar. Que meu coração nunca mais vá funcionar como antes.

Eu tenho medo de não poder mais confiar nas pessoas, de ficar sempre com um resquício de desconfiança, de insegurança. Tenho medo de nunca mais conseguir baixar a guarda pra ninguém, e com isso afastar todo mundo por causa do muro tão alto que coloquei ao meu redor só pra me proteger.

Eu tenho medo de que meus amigos escolham ficar do lado do ex. Isso me apavora. Com quem eu vou contar, em quem vou confiar? E como assim, meus amigos vão escolher ficar do lado do ex? Meu medo é que eu não seja mais uma pessoa legal, ou tenha chorado tanto e enchido tanto os ouvidos deles com as minhas mágoas e tristezas que eles tenham cansado de mim. Será que eu ainda consigo ser uma pessoa legal? Será que eu consigo de novo ser divertida, ser uma boa companhia, ser alguém que eles querem ter sempre por perto?

Meu medo é continuar tendo todos esses medos gigantes, poderosos, e passar a viver na sombra deles, e nunca mais me libertar, não saber nunca mais viver sem eles.

Vou dizer que mesmo sendo medos bem maiores, sem forma ou cara específica como eram meus antigos medos, todos esses agora estão relacionados diretamente a mim, e resolver ou não depende apenas de mim. Depende de eu ter coragem ou não de olhar para eles de frente e decidir enfrentar o fantasma, o escuro. Ainda assim por mais pavoroso que possa parecer, acho que nada vai ser tão grandioso e opressivo quanto o dia do fim do meu casamento.

Quando a gente vê toda a vida que levamos tantos anos construindo desmoronando tão rápido quando o outro diz “eu não amo mais você” qualquer outro monstro ou fantasma ou medo já não tem tanta força.