Semana passada saiu um artigo na Revista Época, sobre como dizer adeus. Apesar do assunto me interessar, o artigo caiu nas minhas mãos (virtualmente) apenas ontem. E eu gostei muito, e me identifiquei bastante com a honestidade e a simplicidade com que o autor falou sobre separações. O link para o artigo completo está aqui: http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ivan-martins/noticia/2012/07/como-dizer-adeus.html para quem quiser lê-lo.
Para não ficar chata, vou deixar o artigo para ser lido lá no link, e apenas falar sobre as sugestões de que ele trata no fim do artigo.
1. Diga adeus de verdade. Ou aceite o adeus que lhe deram. Pontos finais podem ser o começo de alguma coisa nova. Adiamentos e meias verdades não levam a lugar nenhum, e nos envenenam.
Uma amiga já me disse, que é preciso deixar o velho morrer para deixar algo novo nascer. Não sei se isso se aplica, já que eu acho que o efeito do meu término foi mais o de uma explosão nuclear, feito Chernobyl, impedindo qualquer tipo de vida por anos e anos e anos. Mas é fato que é preciso olhar o final de frente, com os olhos abertos, sem nenhuma lente colorida, e aceita-lo. Estou fazendo isso. Apesar das eventuais fantasias de que tudo vai voltar ao normal, de que isso é só uma fase pela qual ele está passando, e tudo vai voltar ao normal, estou aceitando a realidade como ela é, vivendo a vida como ela se apresenta. Sem rodeios, sem meios-termos. E tentando seguir em frente.
2. Não se coloque na situação de vítima. Isso destrói a sua autoestima e não faz ele ou ela voltar. Romance que acaba é uma fatalidade tão grande quanto romance que começa. Não tem culpados.
Bem, ok, não segui 100% deste item. Tenho que confessar que me senti vítima, por diversas vezes. Me senti culpada, e responsável, por diversas vezes. Mas quando a gente para pra pensar nas coisas e tenta deixar o envolvimento emocional de lado, fica mais fácil de entender o processo que levou ao fim, em vez de ficar achando coisinhas, aqui e ali na linha do tempo, que poderiam ter sido costuradas de outra forma. Não podem, porque foram feitas desse jeito, que é, então é preciso aprender com isso. Sem arrastar mais nenhuma bola de ferro de culpa nos pés.
3. Assuma a responsabilidade. Não se abandone aos sentimentos negativos, como se você não fosse responsável pelo que faz ou sente. Em outras palavras, reaja.
Assumir a responsabilidade é tomar consciência das consequências dos próprios atos. Às vezes a minha vontade é simplesmente enfiar a cabeça no edredon ao lembrar as coisas erradas e bobas e cheias de insegurança que eu fiz, porque tinha medo de incomodar, de irritar, de brigar, de perder. Assumir a responsabilidade é ser adulta o suficiente para aprender com os erros, sem deixar que eles – ou o medo de cometê-los – me paralise.
4. Mantenha a dignidade. Ou rasteje com moderação. Quando você não tiver mais nada, o respeito por você mesmo – e pelo outro – pode ser de grande serventia.
Bem, tirando uma eventual espiadela no facebook do ex (e da nova namorada, tenho que confessar), acho que passei por esta com louvor. Quando a pessoa diz, olhando nos teus olhos, que não te ama mais, não há muito que se possa fazer depois disso, né. Quer dizer, há o rastejar, mas eu preferi o caminho do respeito. Respeito por mim, e respeito pela vontade dele. Não liguei, não mandei mensagem, não entrei em contato, não curti nenhum status de facebook, nada. Também fiz a minha parte para desaparecer para ele. Pelo jeito funcionou, porque ele também não entrou em contato. O que, pelo menos, é coerente.
5. Deixe o outro em paz, dê paz a si mesmo. Ficar correndo atrás da pessoa que a deixou, ou que você deixou, é tolice. Se procurou uma vez e não deu certo, fique na sua. Insistir piora tudo.
Tá, deixei. Não tenho tido muita paz, mas ao menos tenho tido o silêncio de estar comigo mesma. Ao menos tenho tido o tempo necessário para escutar minha própria voz, ouvir minha própria vontade. Ainda não decobri muita coisa, mas ouvir a mim mesma já é um começo.
6. Procure os amigos. Os seus amigos, não os dela. Gente querida distrai e nos faz bem. Ah, sim: mesmo com os mais chegados, tente não reclamar 100% do tempo. Autocontrole ajuda a sair do poço.
Neste quesito tenho muita sorte. Tenho amigos e amigas maravilhosas, que estão sendo muito carinhosos e me enchendo de amor. Inclusive tem um dos amigos, com quem não falava há algum tempo, que me manda mensagens de bom dia, me pergunta o que estou fazendo, assim, do nada, no meio da tarde, e que me manda artigos sobre filmes, e links de seriados que ele acha que eu vou gostar. Um pouco de atenção não faz mal a ninguém, e pra mim, já está sendo mais atenção do que tinha há muito tempo.
7. Recolha-se ou exponha-se, mas seja fiel a si mesmo. Nunca invente um comportamento que nada tem a ver com você para agredir o ex ou para mostrar que você é foda. Só piora.
Escolhi o recolhimento. Escolhi o sumiço. Ainda bem que não escolhi inventar um comportamento, porque atualmente não sei nem mais como ser fiel a mim mesma sendo solteira, quanto mais inventar um novo comportamento. Seria um trabalho imenso, um desgaste de energia enorme, e no momento eu preciso dessa energia pra me reconstruir. Melhor escolha até agora, o recolhimento.
8. Faça arte ou consuma arte. Ver um show da Marisa Monte depois de um pé na bunda pode ser uma experiência transcendental. Assim como escrever poemas ruins, que você rasgará (ou não) depois de alguns meses.
Estou fazendo este blog. Que me ajuda a refletir. Estou relendo partes dos livros que eu mais amo (me lembrem de falar disso depois). Estou vendo filmes e filmes e filmes. Estou aproveitando os momentos de tempo livre pra pintar as unhas, pra cuidar da pele, pra caminhar pela cidade e exercitar o olhar.
9. Não perca pontos correndo atrás do ex anterior, a não ser que tenha virado amizade. Se ele ou ela ainda gostar de você, aproveitar-se para tentar se consolar é desprezível. E não funciona.
Não, não estou correndo, e não vou correr. Ele terminou com o clássico “ah, vamos ser amigos”, mas não dá. Simplesmente não dá.
10. Lembre: da outra vez você sobreviveu. É importante ter isso em mente. As dores passam e a gente se apaixona de novo, mesmo que no momento isso pareça extremamente improvável.
Eu sei que vai passar, mas parece que não vai passar nunca. E como é difícil lembrar de quando a dor não existia enquanto ela ainda está aqui. Não, eu não consigo me imaginar me apaixonando de novo. Nem sei se quero. Mas vai ver que não estou pronta, ainda.
11. Se a barra pesar demais, procure um analista. Ou mesmo um médico. Eles estão ai para nos socorrer quando o amor vira doença. Se você se assustar com você mesmo, é hora de pedir ajuda. Funciona.
Já pedi. Ao menos estou na faixa da normalidade da dor. Ao menos não estou pensando em tirar a própria vida, nem deixando de ver coisas positivas e algum aprendizado nisso tudo. Não significa que seja mais fácil, apenas que não está tão difícil.