Decidi que vou usar este espaço para refletir sobre relacionamentos. Sobre os meus relacionamentos. Sobre o que acontece antes de qualquer coisa ganhar o nome “relacionamento”, e como eu me sinto a respeito. Minha terapeuta achou uma idéia ótima, e de repente, escrevendo e refletindo sobre como eu me comporto, posso identificar os passos em falso, e me corrigir.

 

Então vou contar dessa semana. Quarta fui ao cinema com um conhecido, amigo de uma amiga. Nós não nos conhecemos direito, e ainda assim, quando ele me convidou para ir ao cinema, topei. Nós já estivemos conversando no mesmo grupo em alguns eventos, já trocamos algumas palavras, mas nada de mais. Nada que fosse tão íntimo a ponto de não me deixar nervosa e considerar que talvez esse cinema quisesse dizer algo mais. (e não é que a gente sempre pensa isso?)

 

Depois de algumas horas pensando, aceitei. E foi ótimo.

 

Passado o estranhamento inicial, daquela coisa de começar a falar ao mesmo tempo, e alguns silêncios mais prolongados, encontramos assuntos que eram do interesse dos dois, o que nos fez seguir adiante na conversa até acharmos mais e mais assuntos. Na despedida, combinamos outros cinemas, para depois do Carnaval.

 

E eu gostei, acima de tudo, porque não foi uma situação forçada. Aí fiquei pensando na situação e cheguei a algumas conclusões.

 

Descobri que gosto de ir ao cinema com um cara, quando estamos ainda nos conhecendo, por um motivo muito simples: se nós conseguirmos ficar em silêncio, pelas duas horas e tanto que durar o filme, sem ser extremamente estranho ou desconfortável, é um bom sinal. E explico mais, se eu conseguir, nessas duas horas, relaxar ao lado da pessoa, e não ficar preocupada com meu sapato, minha bolsa, ou onde coloco as mãos, mesmo no escuro, é um sinal melhor ainda. E vou além e posso afirmar que se em vez de ficar pensando se o cara vai ou não me beijar, ou se eu vou querer beijar ou não, ficar prestando atenção ao filme, aí o cara ganhou muitos e muitos pontos comigo.

 

Só que eu ainda estou muito enferrujada nessa coisa de sair com alguém. Não sei ler os sinais direito, ainda, sabe. Ainda não sei distinguir se o convite foi mesmo um convite de amizade, ou se tem mais algum interesse implícito. Definitivamente desaprendi essas coisas.

 

E no caso desse cara de quarta-feira, de repente ele realmente queria companhia para ver o filme, e como nos conhecemos a algum tempo, achou por bem me convidar. E foi ótimo.

 

Só espero que, se ele realmente tem algum outro interesse além da amizade, seja um pouquinho mais claro. Pelo menos até eu me atualizar na linguagem praticada hoje em dia. Enquanto isso, eu vou descobrindo aos poucos como me comportar, no escuro do cinema.

 

nina-leen-82356-463-600_large